Apesar de a morte fazer parte do tradicional “ciclo da vida” – nascer, crescer, reproduzir, envelhecer e morrer, a cultura ocidental moderna tende a ignorar essa realidade e não sabe como comportar-se quando ela acontece. A esse respeito, o autor Julian Barnes escreveu:

O luto é uma condição humana, não médica, e embora existam comprimidos para nos ajudar a esquecer da dor – e tudo mais – não existem comprimidos para curá-la. As pessoas enlutadas não estão deprimidas, estão apenas adequadamente, apropriadamente, matematicamente (“dói exatamente o quanto vale”) tristes.

Além disso, embora haja uma necessidade costumeira intrínseca de conversar sobre o ocorrido ou mesmo falar a respeito de quem morreu, esta tarefa se torna potencialmente inconveniente no meio social. Ao escrever sobre o próprio luto, vivenciado após a morte de sua esposa querida, o escritor C.S. Lewis desabafou:

Não posso falar sobre ela com os meninos. No momento em que tento, o rosto deles não transparece nem luto, nem amor, nem medo, nem pena, mas o mais fatal de todos os não condutores: o constrangimento. Eles olham como se eu estivesse cometendo uma indecência. Eles ficam angustiados para que eu pare. Senti o mesmo depois da morte de minha mãe, quando meu pai a mencionava. Não posso culpá-los. (LEWIS, 2021)

Ou seja, é realmente difícil lidar com as emoções malquistas que naturalmente advêm do luto como tristeza, medo, culpa e raiva. Na verdade, é tão custoso para o enlutado quanto o é para quem com ele convive, pois é como se fossem ativadas no outro as suas próprias fragilidades e incapacidades. Por isso, a existência de grupos que formem uma rede de apoio ao luto faz-se demasiadamente importante para o sujeito na medida em que reconhecem, compreendem e solidarizam-se com os diversos sentimentos e reações provocados no indivíduo durante esse período.