O objetivo da educação sobre a morte, o morrer e o luto é contribuir para uma educação de base social mais consciente, responsável, compreensiva e participativa. Sobre as possibilidades de educação a respeito da morte, a professora Maria Júlia Kovács declarou:
“ A educação para a morte apresenta a possibilidade do desenvolvimento pessoal de maneira mais integral, no sentido entendido por Jung (1960) como individuação, o desenvolvimento interior pessoal que ocorre durante a vida exame também pressupõe a preparação para a morte.”
KOVÁCS M. J. Educação para a morte: quebrando paradigmas. Novo Hamburgo: Sinopsys Editora, 2021, p. 2
A Educação para a Morte na mídia também pode ser um recurso extremamente viável para trazer o tema de modo correto, suscitando o debate e levando ao aprendizado. A recente pandemia mundial da COVID-19 e sua repercussão levaram a morte para dentro de todas as casas nos quatro cantos do planeta. Ela foi divulgada através de números, métricas, exposições, reorganização sanitária e social. Todas as famílias, escolas e comunidades se depararam com o medo, insegurança, ansiedade e pavor. Nossas defesas não mais puderam esconder a temida e velada temática da morte e todos foram obrigados a defrontarem-se, a qualquer momento, com a iminência de possíveis separações definitivas. Desde que foi detectada no final de 2019, a doença matou cerca de 15 milhões de pessoas em todo o mundo até o final de 2021. Sobre essa vulnerabilidade e “contrariedade” humanas, o psicólogo Dr. Neli Klix Freitas afirmou:
A morte parece sempre espantosa. Diante do morto, adotamos uma atitude singular, como de admiração a alguém que concluiu algo muito difícil. A atitude convencional do homem civilizado diante da morte fica complementada pelo nosso abatimento espiritual quando a morte fere uma pessoa amada: o pai, a mãe, o esposo, a esposa, um filho, um irmão ou um amigo querido. Enterramos com este nossas esperanças e aspirações. Não queremos nos consolar e nos negamos toda substituição do ser perdido. Parece que vamos morrer porque quem nós amamos morreu. (FREITAS, 2000, p.22).
A morte está no cotidiano enlutando direta ou indiretamente centenas de pessoas todos os dias. Educar para as questões relacionadas ao luto, portanto, torna-se fundamental para ações durante essa fase aguda de realidade, pois, com a disseminação e compartilhamento de informações, é possível prever comportamentos e reações, estabelecer redes de apoio, oferta de serviços e espaços profissionais de acolhimento e suporte. Em um universo movimentado pelas redes sociais, que ganham cada vez mais adesão e audiência ao exibirem felicidade e “vidas perfeitas”, não há espaço social disponível para dor, tristeza e sofrimento. No entanto, a elaboração de um luto saudável não combina com a ignorância a essas emoções.
A dor é uma ferida que precisa de atenção para ser curada. Atravessá- la e vivenciá-la significa encarar nossos sentimentos honesta e abertamente, expressando-os e liberando-os por completo, tolerando- os e aceitando-os por quanto tempo for preciso, até que a ferida se cure. Temos medo de que a dor nos derrube se tomarmos conhecimento dela. A verdade é que a dor, quando nos permitimos experienciá-la, se dissolve, passa. A dor não expressa é dor que dura indefinidamente. (TATELBAUM, Judy, apud RINPOCHE, 2008, p. 391)